Variabilidade do conteúdo iônico da neve e do firn ao longo de um transecto antártico
DOI:
https://doi.org/10.22456/1807-9806.78218Palavras-chave:
Íons majoritários, testemunhos de neve e firn, Antártica.Resumo
Com o objetivo de interpretar a variabilidade no conteúdo iônico da neve e do firn entre Patriot Hills (80º18’S, 81º21’W) e o Polo Sul Geográfico, foram determinadas as concentrações dos íons majoritários e as razões isotópicas das 200 primeiras frações de cinco testemunhos de neve e firn (com profundidades de até 46 m), durante a travessia chileno-brasileira ocorrida no verão de 2004–2005. Após as amostras serem limpas (em câmara fria) e derretidas (em sala limpa classe 100), os íons Na+ , K+ , Mg2+, Ca2+, MS- (CH3 SO3 - ), Cl- , NO3 - e SO4 2- foram analisados por cromatografia iônica, com limites de detecção entre 0,3 e 1,8 µg L-1, dependendo do íon. A razão isotópica deutério/hidrogênio (δD) foi determinada com precisão de 0,5‰. Dataram-se as amostras, com precisão anual e exatidão de ±2 anos, a partir da contagem anual de camadas de neve e de firn dos perfis de Na+ , nssSO4 2- (sulfato não proveniente do sal marinho, do inglês non-sea-salt sulfate) e δD. A partir da datação obteve-se as taxas médias de acumulação líquida de neve para os sítios de cada testemunho de neve e firn, as quais apresentaram uma correlação negativa (r > 0,4, em módulo) à medida que se aumentavam a elevação e a distância da costa, respondendo, ainda, às feições superficiais locais e à ocorrência de ventos catabáticos. Constataram-se aerossóis do sal marinho com alteração na razão Na+ /Cl- no registro dos cinco testemunhos de neve e firn, mas a presença de aerossóis produzidos na formação do gelo marinho só foi identificada nos sítios mais próximos à costa. Os registros de NO3 - , assim como os de MS- , indicam a provável ocorrência de processos pós- -deposicionais, ligados tanto a eventos vulcânicos, como a reações fotoquímicas acentuadas por superfícies com formação de esmalte de gelo.