Pessoas com autismo em ambientes digitais de aprendizagem:estudo dos processos de interação social e mediação

Autores

  • Liliane Maria Passarino Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.22456/1982-1654.9690

Resumo

Todo ser humano, como ser social, veve em constante interação com o meio. É nessa interação que os seres humanos se constituem como pessoas, construindo as relações que estruturam suas vidas ( relações sociais, afetivas, entre outras). Este princípio de desenvolvimento estudado por vários autores é principalmente abordado pela Teoria Sócio-Histórica como um processo dialético e complexo de inter-relações que se tecem entre o meio social e as bases biológicas e que promovem o desenvolvimento cognitivo e social dos sujeitos em interação. No autismo, por outro lado, parece que vemos a "imagem negativa" da interação social, como o negativo de um filme (HOBSON, 1993, p. 21). É certamente uma das síndromes mais desconcertantes e desafiadoras da atualidade. Considerada de origem múltipla, os pesquisadores, na sua maioria, concordam que os déficits presentados na interação social e na comunicação são suas principais características. Partindo de uma concepção sócio-histórica da interação social, na qual participam não somente os sujeitos envolvidos, mas todo o contexto sócio-cultural ao qual pertencem, e que evidencia-se principalmente pela inguagem, uso de ferramentas, ações e significações atribuídas pelos sujeitos em interação e considerando as Tecnologias de Comunicações e Informação (TICs) disponíveis atualmente, procuramos com este estudo peencher um espaço de pesquisa no qual inexistam dados relacionados com a compreensão do fenômeno de interação social mediado pela tecnologia com pessoas com autismo. Assim, a presente pesquisa propõe uma outra visão sobre os rocessos de interação que se estabelecem em ambientes digitais considerando o espectro do Autismo. A pesquisa foi estruturada como um estudo multicasos, composta por dois grupos de sujeitos com autismo cuidadosamente escolhidos para representar todo o espectro da síndrome. Observados e acompanhados em atividades de interação mediadas em diferentes ambientes digitais. Posteriormente,com os dados coletados na fase de observação o processo de interação social foi analisado através de uma arcabouço teórico construido sob a teoria Sócio-Histórica que permitiu identificar os elementos relevantes que emergem na mediação em tais ambientes digitais. Este arcabouço, definido para o estudo da interação social, estabeleceu várias categorias que possibilitam uma análise multidimensional da interação, focada principalmente na intencionalidade da comunicação a mais importante. Com relação ao processo de mediação, os sujeitos aproprianse de signos e ferramentas de mediação em níveis próximos do autocontrole e autoregulação. As ações mediadoras estruturadas na forma de projetos com objetivos claros e explícitos e subdivididas em atividades e procedimentos menores assim como o uso de instrumentos mediadores visuais tornaram-se eficientes no trabalho com sujeitos com autismo, evidenciando um forte relacionamento entre o processo de apropriação e a interação social. Assim, o uso de ambientes digitais de aprendizagem acompanhado de estratégias de mediação adequadas e adaptadas aos sujeitos mostraram-se relevantes no desenvolvimento e da interação social de sujeitos com autismo por que permitiram modelar níveis de complexidade controláveis de forma a ajustar seu uso à ZDP de cada sujeito. Como conseqüência o presente estudo trouxe contribuições importantes para a área de Autismo, e da Educação ao estender e integrar os estudos sobre interação social e ações mediadoras no contexto do autismo. Este trabalho, também ofereceu contribuições diretas para a Ciência da Computação na construção de um ambiente digital de aprendizagem, (EDUKITO), projetado para levar em conta os resultados obtidos na análise da interação social e da mediação de pessoas com autismo.

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Publicado

2005-11-10

Como Citar

PASSARINO, L. M. Pessoas com autismo em ambientes digitais de aprendizagem:estudo dos processos de interação social e mediação. Informática na educação: teoria & prática, Porto Alegre, v. 8, n. 2, 2005. DOI: 10.22456/1982-1654.9690. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/InfEducTeoriaPratica/article/view/9690. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Resumos de Teses