Narrativas diplomáticas em ciência, tecnologia e inovação: poder, cooperação e perspectivas do brasil como país em desenvolvimento

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/2178-8839.100675

Palavras-chave:

Diplomacia da ciência e da inovação, Poder, Cooperação internacional.

Resumo

A diplomacia científica se tornou recentemente um chavão em discussões políticas e acadêmicas. Definições e abordagens têm sido informadas pela literatura produzida por indivíduos e organizações que atuam na prática da diplomacia científica situados em países desenvolvidos. Este artigo mapeia e sistematiza narrativas de diplomatas brasileiros sobre ciência, tecnologia e inovação (CT&I) e suas conexões com dinâmicas e temas das relações internacionais, como poder, cooperação, desenvolvimento, segurança e meio-ambiente. Ao abordar as obras produzidas por practitioners como narrativas, e não como categorias científicas que descrevem e analisam fenômenos sociais, o artigo explora como a CT&I é percebida e enquadrada por diplomatas brasileiros. A metodologia incluiu seleção e análise de publicações de ministros das Relações Exteriores, em cujos escritos diplomáticos trechos contendo as palavras “ciência”, “tecnologia”, “inovação” e seus variantes foram buscados; e obras sobre CT&I produzidas por diplomatas de carreira. Escrevendo da perspectiva do Brasil como país em desenvolvimento, a maior parte das obras analisadas sustenta uma visão altamente crítica em relação às dimensões internacionais da CT&I, as quais não são vistas como politicamente neutras. Contudo, nenhum dos diplomatas discorda da necessidade de que o Brasil e outros países em desenvolvimento construam capacidades em CT&I como meio para acumular poder e/ou se desenvolver. A cooperação internacional em diferentes geometrias é vista como crucial para tanto, embora as percepções sobre a efetividade da cooperação Norte-Sul e Sul-Sul em CT&I possam variar.

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Biografia do Autor

Iara Costa Leite, Professora Adjunta do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina

Professora Adjunta do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina e Pesquisadora Visitante no Georgia Institute of Technology (School of History and Sociology). Líder do grupo de pesquisa CNPq Relações Internacionais e Ciência, Tecnologia e Inovação (ricti.ufsc.br), co-liderado pelo economista e pesquisador Gilson Geraldino da Silva Jr. Possui graduação em Relações Internacionais pela PUC-Minas, mestrado em Relações Internacionais pela PUC-Rio e doutorado em Ciência Política pelo IESP/UERJ. Atualmente realiza pós-doc no Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (iRel/UnB). Atuou na área de pesquisa e/ou ensino em diversas instituições brasileiras (UnB, OPSA/IESP/UERJ, PUC-Rio, Fiocruz, Articulação SUL/CEBRAP, Instituto Igarapé), com foco em Cooperação Internacional para o Desenvolvimento, Cooperação Sul-Sul e Política Externa. Desenvolveu pesquisas voltadas para a resolução de problemas, como a promovida pelo Instituto Igarapé - identificação, seleção e treinamento de peritos brasileiros a serem empregados em missões de paz e de assistência humanitária. Integrou equipes multinacionais de pesquisa, como o Task-Team on South-South Cooperation (TT-SSC/OCDE), tendo sido responsável por um dos estudos de caso destinados a gerar insumos para a IV Reunião de Alto Nível sobre Efetividade da Ajuda; e o programa Emerging Donors in International Development Cooperation, coordenado pelo Institute of Development Studies (IDS/Sussex). Participou, como expositora, debatedora ou organizadora, de diversos seminários, oficinas e congressos sobre Cooperação Sul-Sul e é autora de publicações nacionais e internacionais sobre o tema. Seu programa de pesquisa atual está focado nas interfaces entre Relações Internacionais e Ciência, Tecnologia e Inovação, contemplando as seguintes linhas: cooperação internacional em ciência, tecnologia e inovação; diplomacia científica, tecnológica e da inovação; internacionalização de universidades; internacionalização de empresas de base tecnológica; negociação de acordos em ciência, tecnologia e inovação; comércio e tecnologia.

Júlia Mascarello, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Doutoranda em Relações Internacionais no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais

PhD Candidate in International Relations 

Júlia Mascarello é doutoranda e mestre pelo Programa de Pós Graduação em Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGRI-UFSC). Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Atua como pesquisadora no grupo de pesquisa CNPq Relações Internacionais e Ciência, Tecnologia e Inovação e é membra do Commission on science technology and diplomacy da Divisão de História da Ciência e Tecnologia (Division of History of Science and Technology - DHST/IUHPST). Tem interesse de pesquisa em cooperação em Ciência e Tecnologia, Diplomacia Científica e Cooperação Internacional em Bioeconomia.

Nicole Aguilar Gayard

Nicole Gayard é Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo e Doutora em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas, com trabalhos voltados às dinâmicas internacionais da ciência e tecnologia. Entre 2017 e 2019, integrou o Programa de Pós-Doutorado do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP)

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Publicado

2020-06-24

Como Citar

Leite, I. C., Mascarello, J., & Gayard, N. A. (2020). Narrativas diplomáticas em ciência, tecnologia e inovação: poder, cooperação e perspectivas do brasil como país em desenvolvimento. Conjuntura Austral, 11(54), 54–72. https://doi.org/10.22456/2178-8839.100675