A cidade que virou casa
considerações sobre o brincar livre e espontâneo durante o período de isolamento social de 2020
DOI:
https://doi.org/10.22456/1982-8918.117179Palavras-chave:
Brincar livre, Brincar espontâneo, Fenomenologia, lazer.Resumo
Em março de 2020 estávamos nas ruas das cidades observando o brincar livre e espontâneo de crianças em espaços diversos, quando fomos surpreendidos pela pandemia global do novo coronavírus. Medidas variadas de isolamento social foram implementadas. Neste cenário, passamos a indagar sobre como estaria o brincar livre e espontâneo dentro das residências de famílias isoladas. Por meio do olhar fenomenológico, passamos a buscar formas de nos aproximarmos da experiência vivida das crianças de maneira remota e por intermédio de seus responsáveis. Dialogamos com 55 famílias em quatro meses. Percebemos que investigar o brincar durante o isolamento social é investigar um fenômeno que acontece dentro de casa em outros momentos, porém no período de isolamento, com tempos mais amplos e com menos restrições de acesso a objetos e cômodos. Em diálogo com autores da área, evidenciam-se provocações que diferentes cômodos engendraram nas crianças a partir do brincar livre e espontâneo.
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