Um trabalho a troco de nada? A ação de uma comunidade de hackers à luz da teoria da dádiva

Autores

  • Genauto Carvalho de França Filho
  • Vicente Macedo de Aguiar

Palavras-chave:

Cultura hacker. Trabalho voluntário. Dádiva. Projeto GNOME. Utilitarismo.

Resumo

Mais do que apontar possíveis respostas para um “enigma” contemporâneo, este artigo discute as especificidades da dinâmica de trabalho dos hackers, no processo de produção não-contratual e colaborativo, presente na comunidade
on-line de desenvolvimento de softwares do Projeto GNOME (GNU Network Object Model Environment). A partir de uma imersão netnográfica de mais de um ano, analisou-se a organização do trabalho que dá vida ao processo de produção
empreendido por mais de 300 hackers e colaboradores de todos os cinco continentes do planeta. Mais especificamente, buscou-se compreender a natureza do trabalho adotado pelos hackers ao longo do desenvolvimento e distribuição de
softwares nessa comunidade online de abrangência internacional. Como resultado, constatou-se a presença no Projeto GNOME de um tipo de engajamento não-contratual, associado a uma forma de trabalho e circulação de bens que se difere completamente de organizações ligadas à esfera do mercado ou do Estado, mas que consegue, por meio da internet, viabilizar um processo internacional de desenvolvimento de software de alta complexidade. Em outras palavras, foi possível verificar por meio da dinâmica social empreendida no seio dessa comunidade online, a emergência, nos liames digitais da internet, de uma nova expressão da dádiva moderna: um sistema de dádiva mediada por computador, tanto na essência como no modo de funcionamento e organização do trabalho.   

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Como Citar

DE FRANÇA FILHO, G. C.; DE AGUIAR, V. M. Um trabalho a troco de nada? A ação de uma comunidade de hackers à luz da teoria da dádiva. Sociologias, [S. l.], v. 16, n. 36, 2014. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/sociologias/article/view/49616. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê - Sociologia da Tradução