“Você é o que Google diz que você é”: a vida editável, entre controle e espetáculo

Autores

  • Paula Sibilia Doutora; Universidade Federal Fluminense; Rio de Janeiro, RJ

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583201842.214-231

Palavras-chave:

Memória. Esquecimento. Internet. Subjetividade. Visibilidade.

Resumo

Este artigo retoma o debate acerca do “direito ao esquecimento” que alguns usuários da internet solicitam a buscadores como Google e Yahoo. O que se pede, nesses casos, é que sejam apagados certos dados pessoais referidos a situações do passado que, embora sejam verdadeiros, o demandante considera que prejudicam a sua reputação. As discussões em torno deste assunto parecem sugerir que estão se consumando algumas transformações importantes nos modos como nos relacionamos com as lembranças próprias e alheias, abrindo o horizonte (moral e legal) para uma “memória editável”, cujo critério de veracidade reside na exposição ao olhar dos outros. Trata-se de uma reflexão ensaística que propõe uma perspectiva genealógica sobre o fenômeno, em diálogo com autores fundamentais dos séculos XIX e XX, tais como Benjamin, Bergson, Borges, Debord, Deleuze, Foucault, Freud e Nietzsche.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paula Sibilia, Doutora; Universidade Federal Fluminense; Rio de Janeiro, RJ

Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e do Departamento de Estudos Culturais e Mídia da UFF, autora dos livros O homem pós-orgânico: Corpo, subjetividade e tecnologias digitais (2002), O show do eu: A intimidade como espetáculo (2008) e Redes ou paredes: A escola em tempos de dispersão (2012), todos publicados também em espanhol. É mestre em Comunicação (UFF), doutora em Comunicação e Cultura (UFRJ) e em Saúde Coletiva (UERJ). Em 2012 fez pós-doutorado na Université Paris VIII, da França. Atualmente é bolsista de Produtividade em Pesquisa pelo CNPq e Jovem Cientista do Nosso Estado pela FAPERJ.

Referências

BENJAMIN, Walter. A Paris do Segundo Império em Baudelaire. In: BENJAMIN, Walter. Sociologia. São Paulo: Ática, 1985.

BERGSON, Henri. Matéria e memória. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

BEZERRA, Benilton. O ocaso da interioridade e suas repercussões sobre a clínica. In: PLASTINO, Carlos (Org.). Transgressões. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2002.

BORGES, Jorge Luis. El Aleph. In: BORGES, Jorge Luis. Obras completas. Buenos Aires: Emecé, 1999a. v. 1, p. 617-627.

BORGES, Jorge Luis. Funes el memorioso. In: BORGES, Jorge Luis. Obras completas. Buenos Aires: Emecé, 1999b. v. 1, p. 485-490.

BRILHO eterno de uma mente sem lembranças. Direção: Michel Gondry. Produção: Anthony Bregman e Steve Golin. [S.l.]: Focus Features; Universal Pictures, 2004.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000.

DELEUZE, Gilles. Post-scriptum sobre as sociedades de controle. In: DELEUZE, Gilles. Conversações: 1972-1990. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1977.

FREUD, Sigmund. Obras completas. Buenos Aires: Amorrortu, 1978.

GIANBARTOLOMEI, Mauricio. Hostigamiento anónimo: cuando un extraño te arruina la vida. La Nación, Buenos Aires, 15 out. 2012. Disponível em: <http://www.lanacion.com.ar/1516028-hostigamiento-anonimo-cuando-un-extrano-te-arruina-la-vida>. Acesso em: 10 mar. 2018.

MAYER-SCHONBERGER, Viktor. Delete: the virtue of forgetting in the digital age. Princeton: Princeton University Press, 2011.

NIETZSCHE, Friedrich. Segunda consideração intempestiva: da utilidade e desvantagem da história para a vida. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2003.

RIESMAN, David. A multidão solitária. São Paulo: Perspectiva, 1995.

SIBILIA, Paula. A técnica contra o acaso: os corpos inter-hiper-ativos da contemporaneidade. In: FERRAZ, Maria Cristina Franco; BARON, Lia (Org.). Potências e práticas do acaso: o acaso na filosofia, na cultura e nas artes ocidentais. Rio de Janeiro: Garamond: FAPERJ, 2012. p. 177-192.

SIBILIA, Paula. O homem pós-orgânico: a alquimia dos corpos e das almas à luz das tecnologias digitais. Rio de Janeiro: Contraponto, 2015.

SIBILIA, Paula. Bullying: La vergüenza. Anfibia: revista de la UNSAM, Buenos Aires, 5 ago. 2017.

SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2016.

Downloads

Publicado

2018-04-25

Como Citar

Sibilia, P. “‘Você é O Que Google Diz Que Você é’: A Vida editável, Entre Controle E espetáculo”. Intexto, nº 42, abril de 2018, p. 214-31, doi:10.19132/1807-8583201842.214-231.

Edição

Seção

Artigos