Os Cartórios Policiais e suas sonoridades: como ouvir/narrar estupros numa Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Campinas?

Autores

  • Larissa Nadai Universidade Estadual de Campinas/Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais

Resumo

Esse artigo tem por objetivo, colocar em evidência as formas narrativas que constituem os documentos oficiais produzidos pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Campinas em casos de estupro e ato libidinoso, entre os anos de 2004 e 2005. Por um lado, destaco as convenções narrativas por meio das quais a Polícia Especializada de Campinas narra os crimes de estupro e ato libidinoso que tramitam em suas dependências. De outro lado, justaponho essas formas de narrar/ouvir à própria arquitetura e espacialidade da DDM de Campinas: seus barulhos e silêncios - impressoras, telefones, fax, portas em constante movimento de abrir e fechar, passos, corredores, regimes de voz etc. Levando em consideração, a “gramática” e os “léxicos” produzidos pela Polícia Civil, o texto lança luz às estratégias e táticas cotidianas dessas profissionais para suportar (ou não) a rotina imposta pelo trabalho policial que executam nessa delegacia.

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Biografia do Autor

Larissa Nadai, Universidade Estadual de Campinas/Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais

Área: Estudos de Gênero

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Publicado

2016-10-25