A CULINÁRIA INDÍGENA COMO ELO DE PASSAGEM DA “CULTURA” PARA A “NATUREZA”: INVERTENDO LÉVI-STRAUSS

Autores

  • Mártin César Tempass UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.22456/1982-6524.20874

Palavras-chave:

Grupos indígenas, Cosmologia, Culinária, Mbyá-Guarani.

Resumo

Segundo Claude Lévi-Strauss, a culinária constitui um elo de passagem da etapa da natureza para o estágio da cultura. A partir da pesquisa etnográfica realizada entre os Mbyá-Guarani, o presente artigo analisa esta afirmação sob a luz da cosmologia ameríndia. No entanto, a dicotomia entre natureza e cultura não se aplica aos grupos indígenas, pois, para estes, as categorias natureza e cultura constituem um híbrido. E a este hibridismo podemos acrescentar também o domínio da sobrenatureza. E, em termos de análise, essa configuração hibrida não possibilita haver qualquer tipo de passagem entre um domínio e outro. Mas a passagem é possível entre as três possíveis condições de vida no cosmos: animalidade, humanidade e divindade. Os humanos podem fazer tanto a passagem para a animalidade quanto para a divindade, mas independente da direção da passagem, embora com condições diferentes no cosmos, da humanidade sempre se chegará à animalidade. Ou, nos termos de Lévi-Strauss, da cultura sempre se irá para natureza. Porém, em uma direção os ex-humanos controlarão os seres da natureza, na outra direção eles serão controlados na natureza. E isso não se trata apenas de uma peculiaridade dos grupos indígenas, podendo ser encontrada também nas sociedades ditas “modernas”, embora sob outras roupagens.

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Publicado

2011-06-27

Como Citar

TEMPASS, M. C. A CULINÁRIA INDÍGENA COMO ELO DE PASSAGEM DA “CULTURA” PARA A “NATUREZA”: INVERTENDO LÉVI-STRAUSS. Espaço Ameríndio, Porto Alegre, v. 5, n. 1, p. 69, 2011. DOI: 10.22456/1982-6524.20874. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/EspacoAmerindio/article/view/20874. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS