REPRESENTAÇÕES DOS MOVIMENTOS ESTUDANTIS BRASILEIROS NA IMPRENSA DIÁRIA DURANTE O ANO DE 1968. DE CALABOUÇO À MISSA DO SÉTIMO DIA
Palavras-chave:
Novos Movimentos Sociais, Universidade, Estudantes, Brasil, 1968, Opinião pública, Correio do PovoResumo
O fenómeno global dos movimentos estudantis desenvolvidos durante o longo ano de 1968 assumiu contornos particulares no Brasil. Entre outros, este setor da comunidade universitária, em crescente processo de politização desde princípios da década, especialmente a partir da ditadura militar (1964), revelou-se um grupo social, cultural e político na vanguarda da resistência à mesma, capaz de amplas motivações e de incidir na política geral do país. Neste artigo aprofundam-se os imaginários sociais e as comunidades imaginadas construídos pela imprensa diária brasileira em torno das mobilizações estudantis desenvolvidas durante o primeiro trimestre de 1968, centrando a atenção nos sucessos de Calabouço, a sua onda expansiva e a Misa do Sétimo Dia. O objetivo é analisar os discursos construídos à volta destes eventos na esfera pública, as motivações e as reivindicações dos estudantes, os espaços, tempos e as intensidades das suas ações, assim como as correntes de opinião pública geradas pelas linhas editoriais da imprensa.Downloads
Referências
ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas. México, D. F.: Fondo de Cultura Económica, 1993.
ARENDT, Hannah. La condición humana. Barcelona: Paidós, 1993.
BARBOSA, Marialva. História cultural da imprensa. Brasil, 1900-2000. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.
BRUNO-JOFRÉ, Rosa. Educación popular en América Latina durante la década de los setenta y ochenta: una cartografía de sus significados políticos y pedagógicos. Foro de Educación, v. 14, n. 20, 2016, p. 429-451.
CAGNOLATI, Antonella. Ma che colpa abbiamo noi? Mass-media e protesta studentesca. In: Carmen BETTI and Franco CAMBI. Il ´68: Una rivoluzione culturale tra pedagogia e scuola. Milano, 2011, p.
CAREY, Elaine (Ed.) Protests in the Streets: 1968 Across the Globe. Indianapolis: Hackett Publishing, 2016.
CARRILLO-LINARES, Alberto. Universidades y transiciones políticas: el caso español en los años 60-70. Espacio, Tiempo y Educación, v. 2, n. 2, 2015, p. 49-75.
CUNHA, Diogo. O campo intelectual no Brasil nas décadas de 1960 e 1970: a “estrutura cultural conservadora”, as universidades e as esquerdas. História Unicap, v. 3, n. 5, 2016, p. 100-120.
CUNHA, Luiz Antônio. A universidade crítica: o ensino superior na república populista. São Paulo: Editora UNESP, 2007.
DE MORAES FREIRE, Silene. Movimento estudantil no Brasil: lutas passadas, desafios presentes. Historia de la Educación Latinoamericana, v. -, n. 11, 2008, p. 131-146.
DELGADO, Sandra; GAUTREAUX, Michelle; ROSS, E. Wayne. Students in revolt: The pedagogical potential of student collective action in the age of the corporate university. Knowledge Cultures, v. 4, n. 6, 2016, p. 141-158.
EDITORIAL. (1968a, abril 2). Govêrno, Rio Grande e Ordem. Correio do Povo.
EDITORIAL. (1968b, março 31). Ordem Sem Violências. Correio do Povo.
ÉSTHER, Angelo Brigato. Que universidade? Reflexões sobre a trajetória, identidade e perspectivas da universidade pública brasileira. Espacio, Tiempo y Educación, v. 2, n. 2, 2015, p. 197-221.
FAGUNDES, Pedro Ernesto. Universidade e repressão política: o acesso aos documentos da assessoria especial de segurança e informação da Universidade Federal do Espírito Santo (AESI/UFES). Revista Tempo e Argumento, v. 5, n. 10, 2013, p. 317-346.
FERNANDES, Luan Aiuá Vasconcelos. A repressão contra os professores nas universidades latino-americanas durante a ditadura: os casos da UFMG (1964-1969) e da UTE (1973-1981). Cuadernos Chilenos de Historia de la Educación, v. 2, n. 2, 2015, p. 86-120.
FONTES, Edilza Joana Oliveira; ALVES, Davidson Hugo Rocha. A UFPA e os Anos de Chumbo: A administração do reitor Silveira Neto em tempo de ditadura (1960 - 1969). Revista Tempo e Argumento, v. 5, n. 10, 2013, p. 258-294.
FRANCO, Isaura Melo; SOUZA, Sauloéber Tarsio de. Estudantes no Pontal Mineiro e ditadura militar na década de 1960. Revista Tempo e Argumento, v. 5, n. 10, 2013, p. 347-372.
GROVES, Tamar. Teachers and the Struggle for Democracy in Spain, 1970-1985. New York: Palgrave macmillan, 2014.
HALBWACHS, Maurice. La memoria colectiva. Zaragoza: Prensas Universitarias de Zaragoza, 2004.
HALL, Stuart. Los hippies: una contra-cultura. Barcelona: Anagrama, 1970.
HERNÁNDEZ HUERTA, José Luis. La rivolta studentesca brasiliana del '68. Considerazioni a partire dalla stampa quotidiana. In: Letterio TODARO. Pedagogia, istanze di emancipazione trasformazioni dell’immaginario educativo tra gli anni ’60 e ’70 del Novecento. Roma, 2017, p.
HERNÁNDEZ HUERTA, José Luis. Metáforas de la prensa diaria para la historia de la educación. Del “largo ‘68” al fin de la “tercera ola” en la Europa mediterránea e Iberoamérica. História da Educação, v. 22, n. 54, 2018, p.
IGELMO ZALDÍVAR, Jon. Desescolarizar la vida. Ivan Illich y la crítica de las instituciones educativas. Madrid: Enclave de Libros, 2016.
KLEMPERER, Victor. La lengua del Tercer Reich. Barceloona: Minúscula, 2001.
MAIA, Tatyana de Amaral. Civismo e cidadania num regime de exceção: as políticas de formação do cidadão na ditadura civil-militar (1964-1985). Revista Tempo e Argumento, v. 5, n. 10, 2013, p. 182-206.
MARKARIAN, Vania. Uruguay, 1968: Student Activism from Global Counterculture to Molotov Cocktails. Berkeley: University of California Press, 2017.
MARWICK, Arthur. The Cultural Revolution of the Long Sixties: Voices of Reaction, Protest, and Permeation. The International History Review, v. 27, n. 4, 2005, p. 780-806.
MATTOS, André Luiz Rodrigues de Rossi. Uma História da UNE (1945-1964). Campinas, SP: Pontes Editores, 2014.
MOTTA, Rodrigo Patto Sá. As Universidades e o Regime Militar. Cultura política brasileira e modernização autoritária. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
NETTO, José Paulo. Pequena História da Ditadura Brasileira (1964-1985). Sâo Paulo: Cortez Editora, 2014.
OFER, Inbal; GROVES, Tamar (Eds.). Performing Citizenship. Social Movements across the Globe. New York: Routledge, 2016.
OFFE, Claus. New Social Movements: Challenging the Boundaries of Institutional Politics. Social Research, v. 52, n. 4, 1985, p. 817-868.
POERNER, Arthur José. O poder jovem. História da participação política dos estudantes brasileiros. Rio de Janeiro: Booklink, 2004.
REDACÇÃO. (1968a, abril 2). Alerta do Ministro da Justiça. Governador afirma que não permitirá quebra da ordem. Correio do Povo.
REDACÇÃO. (1968b, abril 6). Ambiente Estudantil Volta À Calma Após A Agitação Dos Últimos Dias. Correio do Povo.
REDACÇÃO. (1968c, abril 2). Baderna, Não. Correio do Povo.
REDACÇÃO. (1968d, abril 2). Dois mortos e dezenas de feridos. Ocorreram Novos Choques Entre Polícia e Estudantes: Rio, Goiânia e Brasília. Correio do Povo.
REDACÇÃO. (1968e, abril 3). Governo e Forças Armadas Advertem: Ordem Será Mantida a Qualquer Preço. Correio do Povo.
REDACÇÃO. (1968f, março 31). Govêrno Manda Reprimir Qualquer Manifestação Pública Estudantil. Correio do Povo.
REDACÇÃO. (1968g, abril 2). I Exército Entrou em Rigorosa Prontidão Por Ordem Ministerial. Correio do Povo.
REDACÇÃO. (1968h, abril 3). Manifestações Estudantis No País. Exército Assumiu Ontem O Policiamento de Goiânia. Correio do Povo.
REDACÇÃO. (1968i, março 30). Morte do Estudante no Rio Provoca Repulsa General na Opinião Pública. Correio do Povo.
REDACÇÃO. (1968j, março 30). Reitor suspende por uma semana as atividades docentes na URGS. Correio do Povo.
RIBEIRO, Ana Paula Goulart. Modernição e concentração: a imprensa carioca nos anos 1950-1970. In: Lúcia Maria Bastos P. NEVES, M MOREL and Tania Maria Bessone da C. FERREIRA. História e imprensa: representações culturais e práticas de poder. Rio de Janeiro, 2006, p. 426-435.
RICOEUR, Paul. La memoria, la historia, el olvido. Madrid: Trotta, 2010.
ROCHA, Helenice. A Ditadura Militar (1964-1985) nas narrativas didáticas brasileiras. Espacio, Tiempo y Educación, v. 2, n. 1, 2015, p. 97-120.
ROMANCINI, Richard; LAGO, Cláudia. História do jornalismo no Brasil. Florianópolis: Insular, 2007.
ROMÃO, José Eustáquio. Os frutos de Maio de 1968 - O Grito dos Silenciados. Historia de la Educación Latinoamericana, v. -, n. 11, 2008, p. 189-204.
ROSÚA, Mercedes. El archipiélago Orwell. Madrid: Grupo Unisón Producciones, 2001.
ROTHEN, José Carlos. La reforma universitaria brasileña de 1968. Revista de la Educación Superior, v. 35, n. 1, 2006, p. 43-61.
SANFELICE, José Luis. A UNE na resistência ao golpe de 1964 e à ditadura civil-militar. In: Jorge MARCO, Helder GORDIM DA SILVEIRA and Jaime VALIM MANSAN. Violência e Sociedade em Ditaduras Ibero-Americanas no Século XX: Argentina, Brasil, Espanha e Portugal. Porto Alegre, 2015, p. 61-78.
SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2011.
TAYLOR, Charles. Imaginarios sociales modernos. Barcelona: Paidós, 2006.
VAN DIJK, Teun A. Análisis del discurso ideológico. Versión, v. 6, n. 1996, p. 15-43.
VAN DIJK, Teun A. El análisis crítico del discurso. Anthropos, v. 186, n. 1999, p. 23-36.
VIEIRA, Evaldo. A República Brasileira 1951-2010. De Getúlio a Lula. São Paulo: Cortez Editora, 2015.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
História da Educação utiliza como base para transferência de direitos a licença CreativeCommons BY (creativecommons.org) para periódicos de acesso aberto - Open ArchivesIniciative (OAI), categoria greenroad.
Por acesso aberto entende-se a disponibilização gratuita na Internet, para que os usuários possam ler, fazer download, copiar, distribuir, imprimir, pesquisar ou referenciar o texto integral dos documentos, processá-los para indexação, utilizá-los como dados de entrada de programas para softwares, ou usá-los para qualquer outro propósito legal, sem barreira financeira, legal ou técnica.
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença CreativeCommonsAttribution, que permite o compartilhamento do texto com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.