Crise e fome na Alta Idade Média: o exemplo dos capitulários carolíngios

Autores

  • Marcelo Cândido da Silva Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.64442

Palavras-chave:

Crise, Fome, Capitulários

Resumo

A “crise” é hoje um tema recorrente nas obras de historiadores, economistas, biólogos, geógrafos, sociólogos, politólogos, ambientalistas etc. Isso se deve, em primeiro lugar, à atualidade do fenômeno, seja em sua dimensão econômica (com a estagnação das taxas de crescimento desde 2008 na maior parte dos países ocidentais), ambiental (o aquecimento climático), sanitária (epidemias de H1N1, ebola, Zika etc.), securitária (terrorismo, crime organizado), política (guerras civis, revoluções, conflitos, migrações) e mesmo intelectual (crise da História, crise das Ciências, crise disciplinar). Uma recorrência e uma abrangência que colocam diversos problemas em torno da noção de crise, sua aplicabilidade e seus limites como instrumento analítico. Essa aplicabilidade e esses limites serão discutidos ao longo deste artigo, tendo como pano de fundo a questão das crises alimentares na Alta Idade Média, especialmente no período carolíngio.

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Biografia do Autor

Marcelo Cândido da Silva, Universidade de São Paulo

Professor de História Medieval do Departamento de História da USP; Coordenador do Laboratório de Estudos Medievais (LEME); Pesquisador do CNPq.

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Publicado

2017-10-09

Como Citar

Cândido da Silva, M. (2017). Crise e fome na Alta Idade Média: o exemplo dos capitulários carolíngios. Anos 90, 24(45), 185–207. https://doi.org/10.22456/1983-201X.64442

Edição

Seção

Artigos